quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A vida imita a arte: o dia que Drummond previu a tragédia de Mariana

Há dias o Brasil vive uma de suas maiores tragédias, a irresponsabilidade da empresa Vale-Samacro pode resultar no fim do Rio Doce que com seus 853 km de extensão banha os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. 

A Vale-Samacro (antiga Companhia Vale do Rio Doce) foi instalada na região no início da década de 1940 e muitas empresas, atraídas pelas reservas de ferro, se estabeleceram na cidade natal do poeta, Itabira. Poucos anos antes de sua morte, em 1984, Drumond publicou o poema que parece ser o retrato do desastre que destruiu o Rio, antes doce. 

Leia o poema na íntegra: 
“Lira Itabirana”
I

O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

II

Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

III

A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

IV

Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro? 


Do Portal Vermelho, Mariana Serafini


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